quinta-feira, 19 de novembro de 2009

No sorrir

Consegui esboçar um sorriso
Não saiu cá de dentro,
não foi sincero
Um sorriso falso e austero
Um esboço ténue, franzino
Sem gosto, nem sabor, nem caminho
Fios pendentes puxaram
os lábios a sorrir se obrigaram
retribuindo a uma piada
Mas no minuto subsequente
O rosto voltou a descair dormente
Assumiu o seu posto,
Sisudo e bem desenhado
Sombrio, severo, pesado
Numa calma aparente
Sem que o vício sorridente
Pudesse sequer se abeirar
E num falso sorrir posso até descobrir
Alguma capacidade de reacção
Não quero antecipar cenários
A vida segue em delírios arbitrários
Deixemos o esboço evoluir
Para sorrir ou não sorrir

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