quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mulher de gelo

Chegou o inverno com tanta firmeza
Anunciando tempestades e vendavais
E fustigada fui com chuva, vento e muito mais
O frio, a neve a remexer em corrupio
O meu cabelo a matizar e clarear
A alma a esfriar, o corpo a desfalecer
E sem que me pudesse mexer
Resignei-me e deixei-me trespassar
Deixei o frio penetrar
e lentamente enregelar
Até me transformar
numa mulher de gelo
Gélida, fria, inerte, glacial,
Insensível a qualquer meneio
Gesto, promessa, olhar, anseio
E no império do gelo
Receio nunca mais derreter
Desta forma que se moldou
E tudo porque o inverno chegou
Saltando outras estações
Antes tudo era Primavera em flor
Um Verão tórrido de amor
Mas o Inverno assomou com tanto vigor
Destruindo a afeição florescente
Genuína, sincera, transparente
Que agora jaze congelada,
no frio enterrada
E só por nós lembrada…

1 comentário:

Comsentido disse...

Gostei...Fazes uma comparação fantástica das estações e das personalidades das pessoas que como as estações do ano vão mudando ao longo da vida.