segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Colhe este bem-me-quer do jardim da amargura
Salva esta bonina quase desfolhada
Com beijos tira-me da secura
Ama esta flor que só quer ser amada

Inala o aroma desta flor de candura
Não me deixes no jardim abandonada
Sem ti, fenece minha frescura
Sem ti, minha verdura é amarfanhada

Deixa-me ao teu lado ser plantada
Firme na terra, por ti regada
Para ti florir todo o dia

Oh! Esta flor de ti esta enamorada
Vejo a felicidade adiada
Se de outro verdor tens gelosia
Alheias a tudo numa loucura
Unidas por um laço de ternura
A tristeza que nos abalava
Era a gargalhada que soava

Não compreendo, mas tento
A resposta voa como o vento
E em nome da amizade
Faremos o impossível pela felicidade

Ah! Já te contei que ela é difícil de alcançar?
Concerteza já ouviste falar,
Não me incomodo com a sua ausência
Basta-me estar rodeada de pessoas felizes
Que eu serei feliz também.

Vem... mostra-me a tua felicidade
Para ver se também eu sou feliz de verdade...

Lírica

Este lirismo que faz de mim habitat
Que me faz temer num impacto utópico
Nos terríveis avanços que dá
Seduz-me num olhar hipnótico

Ao crespúsculo a deambular
Crepitando como coração abafado
Invade-me sem hesitar
Cega-me e ensurdece-me alienado

E a cantar manifestando
Entoa, suja e racha paredes
Suaviza e sua arquitectando

Se me cresce tormento
Castiga-me e com todos vem
Se não divago...rebento

Libertus

Em tempo remoto, tão recente
Apagou-se a chama, ateando-se
Sinais de um amor decadente
Lançando água e queimando-se

Em lágrimas correntes, recreadas
Precoce sofrimento cercado
Aspirações que de longe vêm semeadas
Que de amor se enche, alimentado

E é tão fátuo o sofrimento
A voz que se me corta na fauce
Em lugar de detrimento

Tão crescido o vejo diminuto
Tão lançado em desvelo
Como diligente forte e astuto

Não

Não te amo, mas quero-te
Não sofro por ti, mas dói a tua ausência
Não és meu , mas tenho ciúme
Não me amas mas provocas
Não me aceitas, nem me rejeitas
Não me conheces, mas me endoideces
Não te encontro mas procuro-te
Não me percebo mas tento perceber-te

O amor

No relevo do meu corpo despido
As tuas mãos deslizam ansiosas
Do suave toque nasce o bramido
Beijo frémito de bocas sequiosas

Tanto amor no corpo dolorido
Da agitação em tardes animosas
Sinto um prazer confundido
Um sabor a frutas saborosas

Uma sensação de ainda não ter vivido
O estalar das carnes desejosas
Sentir o cheiro do proibido

Mas nada apaga o sucedido
Este amor que eleva as almas vaporosas
Que jamais será contido

Comportamentos

Tu como assa- fétida
No qual emprego meu arcaísmo
Banha-nos a água tépida
Possuis o meu feminismo

Não consigo arenga congruente
Tua lasciva intrepidez me impede
Às vezes responsável ou inconsequente
Tua voz no meu sangue acede

Ferem-me, em golpes, tuas ironias
Minha alegria se esmaga logo no berço
E num rosário de ave-marias
Sou temente a ti como ao terço

Quantos prantos até à exaustão
Por ti, por teus murmúrios cruéis
Sou tua escrava mesmo dizendo que não
Como do veneno infiltrado de cascavéis

Se retrocedesse minha cognição
Logo à partida se apagava o desejo
Mas para minha punição
Acende-se cada vez que te vejo

Com ele tão pouca familiaridade
Ele comigo tanto desdém
Mas nos pensamentos igualdade
Eu tenho-o a ele, e ele me tem

Versos

Versos! São íntimos dizeres
Cantam males, dores, prazeres
Cantam loucura, desejo, sabedoria
Cantam o orgulho, o além, a alegria

Versos! São uma voz rouca
Que se aviva e que se apouca
Que se transforma e aparece
Que me envolve e não perece

Versos! Nostálgicos, vagabundos
Expõem prantos moribundos
Saudade inércia, compaixão

Versos! Cura de doentes
Salvam quem neles são crentes
Trazem a Vida eterna, a Salvação!

Incultos Versos

Incultos versos da mocidade
Sem pretensas situações
As palavras são como grilhões
Que me aprisionam sem piedade

Incultos versos da mocidade
Sei-os repletos d´erros, d´incongruências
Em todo o vocábulo expresso a verdade
Que me chicoteia com violência

Incultos versos da mocidade
Tanto apego a eles tenho
Tirar-mos seria uma crueldade

Incultos versos da mocidade
Deles não desdenho
São a flor viçosa da minha idade!