domingo, 4 de maio de 2008

Final

Esmaguei o teu orgulho
entre os meus dedos
Pisei-te a vaidade com os pés
Eras mais um soldadinho de cartão
Que obedece cegamente ao capitão
Já só resta uma sombra fugidia
Mas bem podes esquecer que algum dia
Foste efémero e tão eterno ao mesmo tempo
Foste a luz que cega e deixa ver por um momento
Jamais acreditei que voltasses ao que eras
Após o devaneio, já só ficam as quimeras
Difíceis, longínquas, e tão austeras...
Dois verões seguidos e três primaveras
O sol comeu a noite e tudo ficou seguro
Se ficasses comigo tinha-te dado o mundo
Opção mais que real, mistura arrependimento
as horas são fatais pra matar um sentimento
E de momento nada mais há a dizer
A reticência é a melhor resposta que se pode ter

Permaneço muda e calada
Não existem respostas a certas questões
Sou apenas mais uma em dez milhões
que às centenas tem problemas
de rajada saio de casa dou um jeito às melenas
vou desfilar na rua as minhas penas
não tenho nada, mas a vida continua...

Reticente como em frase inacabada
Indecisa na hora de tomar decisões
A separação de dois corações
Nunca é uma explicação pacífica
É uma guerra moribunda e arbitrária
Em que vence o tiro mais certeiro
O míssil esguio e mais ligeiro
Em louvores vendidos aos bravos soldados
Cheios de amor e pátria porém desconfiados
que lutam e voltam a lutar até expirar,
Sem mais nada, a última das perpétuas – roxas
Descobrindo sentido nas palavras mochas
Que vacilam coxas até a ti chegar
Acabou o filme d´esperanças penhoradas
Prós e contras, decisões delineadas
Sulcadas num acto simulado...
Continuo a esmagar-te as aspirações
Continuo a negar –te essas conclusões
Que começam e acabam em ti...

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