quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Ao Desconhecido

Desconheço-te.

Invisível a meus olhos e tão presente,

no meu sonho, no meu inconsciente

estás tu sempre a falar comigo,

um quê inquieto, um quê agressivo,

E se te inquiro minha voz perde-se no nada

Não me ouves, não respondes, viras a cara

Como se fosse eu o culpado de tudo

Permaneço imóvel, quedo, mudo,

Deixo-te falar, soltar palavras, juntar letras

Percebo o que dizes, não aceito, são tretas

Parcas verdades saídas do mesmo ventre,

sou o louco desvairado, ponto assente,

E insisto de novo, ouso questionar

Ânsia de saber , ânsia de desvendar,

Aguardas a minha aparição?

Sabes da minha ambição?

Desejas a minha amizade?

És tu o dono da verdade?

Desconheço-te, e hoje dei-te um rosto,

Nuvem ténue brilho de sol posto

Longínquo sonho, distante tempo

Em que afastava o céu cinzento

Em que saboreavas a Primavera

Em que sabia a tua espera

mesmo sem saber nada de ti...

muito menos de mim..

Desconheço-te e ainda insisto

à passagem do tempo resisto

fogo fátuo, brasa e nada

de cinzas pintado na madrugada

espero por ti, naquela entrada

a mesma que saio todos os dias

nas horas vagas das rotinas frias

gesto mecânico, voz de penacho

sou um vagabundo, não sei...acho...

.

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