terça-feira, 2 de junho de 2009

Despertar

Vivia numa apatia pegada
O meu olhar era feito de nada
O coração em debandada
E nada disso me incomodava
Só queria o meu sossego
A sensação de desapego
Pouco tarde ou pouco cedo
Erguendo os ombros ao medo
Responsabilidades assumidas
Tarefas minuciosamente divididas
Beijos secos sem contrapartidas
Sombras geladas sem expectativas…
Mas um dia sem contar
Sem saber explicar
Dei por mim a imaginar
Que te estava a estrangular
A apertar-te o pescoço, ó vida!
Vida queda, muda, lassa
Com uma vontade que não passa
Rasgando-te de fio a pavio
Esquartejando-te de um só desvio
Gritando e praguejando:
Porque me abriste os olhos?
Era tão mais fácil se não falasse
Se tudo continuasse igual
A mesma apatia, a voz vazia
O coração parado, o olhar toldado
Se não tivesse conhecido o significado
Da palavra amar…
Agora queimo-me na ansiedade
Não durmo, não como, vivo na mentira e na verdade
E é assim que o medo desperta do seu sono
E se desfaz uma montanha com um eco
Nada mais faz sentido e levanta-se o rumor
Que ao conhecer o amor jamais voltarei ao que era…

1 comentário:

Pedro Santos disse...

Despertar para o amor é sempre um choque de emoções...