domingo, 4 de maio de 2008

Amante do Silêncio

Entendo tão bem o silêncio
Que vozes caladas lhe falam
Entendo tão bem o silêncio
Que sons tão altos se calam
É o império do silêncio
Onde me procuro e me encontro
Silenciosa vida ...
Sou amante do silêncio
Assim como sou de ti
Só o silêncio me reconforta
E me renova a energia
Que tu me tiras sem pensar
Só no silêncio falamos sem falar
Nele nos entendemos, em mundos pequenos
Com gestos que insinuam segredos
Dizemos mais do que quem fala
É única a linguagem corporal

Fala-me com a língua
num beijo silencioso
os lábios encostam a dormir
não os acordo, permanece o silêncio
de um silencioso bramir
morde o lábio mas nunca o digas
não perturbes quem dormita
A quietude chama por ti, aflita


Tacitamente digo tudo o que tenho a dizer
com o corpo desenho o que quero fazer
sempre me entendeste, silêncio
bastando um olhar para incendiar
o que o silêncio pede, o que ele ordena
silencioso acto, a malícia não é pequena
sou amante do silêncio em dose serena
e não vale a pena tentar separar
o silêncio do silêncio eles querem-se amar!
Tão envergonhados de exprimir parcas palavras
Usá-las é um desperdício e de tão caras
ficam trancadas na gaveta das memórias
Onde só têm lugar primorosas histórias
Amordaçadas com severas correntes
Oiço o cerrar dos dentes prendendo o som
E o não ouvir ouvindo o não som é tão bom!

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